ASPECTOS HUMANÍSTICOS E AFETIVOS DA ATENÇÃO MÉDICA A PACIENTES TERMINAIS, FAMILIARES E PESSOAS PRÓXIMAS
DOI:
https://doi.org/10.25192/ISSN.1982-0496.RDFD.V.28.N.III.1728Resumo
A partir da segunda metade do século XX, o avanço tecnológico levou a um aumento significativo na expectativa de vida, tornando o processo da morte, também, mais longo. Hoje, mais do que nunca, existem pessoas que, a despeito de possuírem doenças terminais e incuráveis, poderão viver por semanas, meses ou anos. Ainda assim, no Brasil, menos de 10% dos hospitais oferecem cuidados paliativos. O objetivo do presente artigo, no contexto da edição da Resolução nº 41, de 31 de outubro de 2018, da Comissão de Intergestores Tripartite, é revelar a importância da devida prestação desses cuidados para que sejam garantidos ao paciente o direito à morte digna. Por meio do método indutivo e da revisão bibliográfica, será possível concluir que os cuidados paliativos vão muito além da simples atenção à dor física do paciente, havendo inúmeras formas de sofrimento que deverão ser, também, atendidas, devendo haver, com urgência, uma alteração na atenção médica prestada pelas equipes de saúde aos pacientes terminais, seus familiares e pessoas próximas.
Downloads
Referências
ARANTES, Ana Claudia Quintana. A morte é um dia que vale a pena viver. Rio de Janeiro: Sextante, 2019.
AUBERT, Anna Caramuru Pessoa. Morrer dignamente: Aspectos filosóficos, jurídicos e morais da autonomia para morrer. Porto Alegre: Editora Fi, 2021.
BARROSO, Luís Roberto; MARTEL, Letícia de Campos Velho. A morte como ela é: dignidade e autonomia individual no final da vida. Revista da Faculdade de Direito de Uberlândia, v. 38, n. 1, pp. 235-274, 2010. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/revistafadir/issue/view/824. Acesso em: 27 jun. 2019.
BETANCOR, Juana Teresa. El testamento vital. Eguzkilore – Cuaderno del Instituto Vasco de Criminologia, San Sebastián, n. 9, p. 97-112, dez. 1995.
BROWNLEE, S. et al. Evidence for overuse of medical services around the world. The Lancet, v. 390, n. 10090, p.156-168, 2017. Disponivel em: http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(16)32585-5. Acesso em: 20 dez. 2021.
CALSAMIGLIA, Albert. “Sobre la eutanásia”. Doxa, Cuadernos de Filosofía del Derecho, Alicante, Universidad de Alicante, n. 14, 1993, p. 337-358. Disponível em: http://www.cervantesvirtual.com/obra/sobre-la-eutanasia-0/. Acesso: 27 jun. 2019.
CLARK, David. “From margins to centre: a review of the history of palliative care in cancer”. Lancet Oncology, v. 8, p. 430-438, 2007. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lanonc/article/PIIS1470-2045(07)70138-9/fulltext. Acesso em: 07 jun. 2019.
COLLUCCI, Cláudia; VERSOLATO, Mariana. Menos de 10% dos hospitais têm equipes de cuidados paliativos no Brasil: Gargalo começa nas universidades; apenas 14% dos cursos de medicina têm formação específica. Folha de São Paulo,14 out. 2018. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2018/10/menos-de-10-dos-hospitais-tem-equipes-de-cuidados-paliativos-no-brasil.shtml. Acesso em: 31 maio 2019.
COLÔMBIA. CORTE CONSTITUCIONAL. Sentencia T-970/14. Relator: Luis Ernesto Vargas Silva. Bogotá. J. em 15 dez. 2014. Disponível em: http://www.corteconstitucional.gov.co/relatoria/2014/t-970-14.htm. Acesso em: 28 mar. 2019.
COMISSÃO INTERGESTORES TRIPARTITE. Resolução nº 41, de 31 de outubro de 2018. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/novembro/23/RESOLUCAO-N41.pdf. Acesso em: 04 jun. 2019.
CONRADO, Cléia Maria. O biodireito à luz do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. Revista Direitos Fundamentais & Democracia, Curitiba, UniBrasil, v. 3, n. 2, jan./jun. 2008.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução CFM n. 1.973, de 01 de agosto de 2011. Disponível em: http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2011/1973_2011.htm. Acesso em: 13 jun. 2019.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução CFM n° 2.217, de 27 de setembro de 2018, modificada pelas Resoluções CFM nº 2.222/2018 e 2.226/2019. Disponível em: https://portal.cfm.org.br/images/PDF/cem2019.pdf. Acesso em: 10 out. 2019.
CONSTANTINO, Clóvis Francisco; HIRSCHHEIMER, Mário Roberto. Dilemas éticos no tratamento do paciente pediátrico terminal. Revista Bioética, Brasília, Conselho Federal de Medicina, v. 13, n. 2, 2005, pp. 85-96. Disponível em: http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/110/120. Acesso em: 27 jun. 2019.
CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário etimológico Nova Fronteira da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
D’ALESSANDRO, Maria Perez Soares et al. (Org.). Manual de Cuidados Paliativos. São Paulo: Hospital Sírio Libanês e Ministério da Saúde, 2020.
DIAS, Roberto. O direito fundamental à morte digna: uma visão constitucional da eutanásia. Belo Horizonte: Fórum, 2012.
DIAS, Roberto. Derechos fundamentales de los pacientes al fin de la vida: de la ética médica al proyecto de código penal brasileño. Biolaw Journal – Rivista di Biodiritto, Trento, Università di Trento, v. 3, pp. 99-116, 2015. Disponível em: http://www.biodiritto.org/ojs/index.php?journal=biolaw&page=article&op=view&path%5B%5D=102&path%5B%5D=86. Acesso em: 13 jun. 2019.
DINIZ, Débora. Quando a morte é um ato de cuidado: obstinação terapêutica em crianças. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, Fundação Oswaldo Cruz, v. 22, n. 8, p. 1741-1748, ago. 2006. Disponível em: http://abramebrasil.com.br/images/download/pdf/direitos-deveres/ame-quando-os-pais-recusam-tratamentos.pdf. Acesso em: 08 out. 2019.
DINIZ, Debora; COSTA, Sérgio. Morrer com dignidade: um direito fundamental. In: CAMARANO, Ana Amélia (Org.). Os novos idosos brasileiros: muito além dos 60? Rio de Janeiro: IPEA, 2004. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/Arq_10_Cap_04.pdf. Acesso: 27 jun. 2019.
DOMINGUEZ, Ramona Garcia Souza, et al. Cuidados paliativos: desafios para o ensino na percepção de acadêmicos de enfermagem e medicina. Revista Baiana De Enfermagem, v. 35, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/enfermagem/article/view/38750/24040. Acesso em: 20 dez. 2021.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
KIPPER, Délio José. O Problema das Decisões Médicas Envolvendo o Fim da Vida e Propostas para Nossa Realidade. Revista Bioética, Brasília, Conselho Federal de Medicina, v. 7, n. 1, 1999. Disponível em: http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/286/425. Acesso em: 31 maio 2019.
KÜBLER-ROSS, Elisabeth. Sobre a morte e o morrer: o que os doentes terminais têm para ensinar a médicos, enfermeiras, religiosos e aos próprios parentes. Trad. Paulo Menezes. 10 ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2019.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria SAS/MS n. 140, de 27 de fevereiro de 2014. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2014/prt0140_27_02_2014.html. Acesso em: 10 out. 2019.
MÖLLER, Letícia Ludwig. Direito à morte com dignidade e autonomia: o direito à morte de pacientes terminais e os princípios da dignidade e autonomia da vontade. 1. ed. Curitiba: Juruá, 2007.
MOTA, Joaquim Antônio César. Quando um tratamento torna-se fútil?. Revista Bioética, Brasília, Conselho Federal de Medicina, v. 7, n. 1, p. 35-39, 1999. Disponível em: http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/291/430. Acesso:17 abr. 2019.
NOVAIS, Jorge Reis. Direitos fundamentais: trunfos contra a maioria. Coimbra: Coimbra Editora, 2006.
NUNES, Rui. Estudo n.º E/17/APB/10 sobre Testamento Vital. Associação Portuguesa de Bioética, Porto, 18 set. 2010. Disponível em: http://www.apbioetica.org/fotos/gca/1284923005parecer-testamento_vital.pdf. Acesso em: 31 maio 2019.
PESSINI, Léo. Distanásia: até quando investir sem agredir? Revista Bioética, Brasília, Conselho Federal de Medicina, v. 4, n. 1, p. 31-43, 1996. Disponível em: http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/viewArticle/394. Acesso: 04 jun. 2019.
SÁ, Maria de Fátima Freire de; MOUREIRA, Diogo Luna. Autonomia para morrer: eutanásia, suicídio assistido, diretivas antecipadas de vontade e cuidados paliativos. 2. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2015.
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. 9. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012.
TABOADA, Paulina. Principios éticos relevantes em Medicina Paliativa. In: BRUERA, Eduardo; LIMA, Liliana de (Orgs.). Cuidados paliativos: guías para el manejo clínico. 2. ed. Organización Panamericana de Salud – Oficina Regional de la Organización Mundial de la Salud, [s.d.], pp. 9-14. Disponível em: http://www1.paho.org/Spanish/AD/DPC/NC/palliative-care.pdf. Acesso em: 4 jun. 2019.
THE ECONOMIST INTELLIGENCE UNIT. The quality of death Ranking: end-of-life care across the world. 2010. Disponível em: http://www.lienfoundation.org/sites/default/files/qod_index_2.pdf. Acesso em: 20 dez. 2021.
THE ECONOMIST INTELLIGENCE UNIT. The 2015 Quality of Death Index: Ranking palliative care across the world. 2015. Disponível em: http://www.lienfoundation.org/sites/default/files/2015%20Quality%20of%20Death%20Report.pdf. Acesso em: 20 dez. 2021.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). National cancer control programmes: policies and managerial guidelines. 2.ed. Geneva: WHO, 2002.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Silvia Pimentel, Anna Caramuru Pessoa Aubert
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Os direitos autorais, dos artigos publicados na Revista, são do autor e da RDFD com os direitos de primeira publicação para a Revista. Em virtude de aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, com aplicações educacionais e não comerciais, de acordo com o creative commons.